“O que torna a alquimia tão valiosa para a psicologia é o fato de suas imagens concretizarem as experiências de transformação por que passamos na psicoterapia...”
“A real natureza da matéria era desconhecida do alquimista; ele tinha meros indícios a respeito. Ao tentar explorá-la, projetou o inconsciente sobre as trevas da matéria, a fim de iluminá-la... Enquanto fazia suas experiências químicas, o operador passava por determinadas experiências psíquicas que lhe pareciam ser o comportamento particular do processo químico. Como se tratava de uma questão de projeção, ele naturalmente desconhecia o fato de a experiência nada ter a ver com a própria matéria. Ele experimentava sua projeção como uma propriedade da matéria; mas sua experiência, na realidade, era do próprio inconsciente.”
(Jung, Psicologia e Alquimia)
Todo o desconhecido e vazio é preenchido com projeções psicológicas; é como se o próprio fundamento psíquico do investigador se espalhasse na obscuridade. O que ele vê ou pensa ver na matéria são principalmente os dados de seu próprio inconsciente projetados.
O que torna a alquimia tão valiosa para a psicologia é o fato de suas imagens concretizarem as experiências de transformação por que passamos na psicoterapia; é uma anatomia da individuação.
O método de explicação da Alquimia é (reparem a relação com os princípios da Homeopatia):
“O obscuro pelo mais obscuro e o desconhecido pelo mais desconhecido”
Teoria das correspondências (reparem na relação com a Astrologia):
Segundo essa teoria qualquer coisa que aconteça em um plano da realidade produz um efeito correspondente sobre outro nível da realidade. Todos os mundos são paralelos e congruentes. Realizar uma operação no nível físico causa impacto no nível espiritual.
Do ponto de vista da alquimia interior, as operações físicas simbolizariam o esforço que o ego deve fazer para compreender as experiências imaginativas e integra-las em sua vida, as vezes um sonho ou uma visão requer atuação no mundo material.
Extrair significado de experiências interiores e aplicar suas lições a vida exterior também corresponde a faceta física da obra. Não podemos permanecer sempre em estado visionário (imaginativo) é essencial que o individuo dê expressão física a tais experiências.
Os dois mundos interior e exterior estão muito mais ligados do que podemos perceber e o trabalho feito em um deles alimenta o trabalho do outro.
“o que está em cima é como o que está em baixo”
FASES DO PROCESSO ALQUÍMICO
1. NIGREDO
2. ALBEDO
É a fase da análise em que já se compreende, mas de forma ainda intelectual.
3. CITRINITAS
4. RUBEDO
Carl Gustav Jung
A escolha do momento oportuno
Para os alquimistas toda pressa era motivada pelo demônio; apressar-se viola a evolução gradual de acordo com o tempo. Viver de acordo com o tempo faz diferença entre o sucesso e o fracasso.
“todos os que buscamos essa Arte não podemos atingir resultados úteis senão com um alma paciente, laboriosa e solícita, com uma coragem perseverante e com uma dedicação contínua”.
“aqueles que possuem esse mistério serão objeto de escárnio dos homens e serão olhados com uma atitude de superioridade”
Isso é o trabalho da psicoterapia: ninguém que se encontre fora dele consegue entender, será desdenhado e ridicularizado, pelo ponto de vista do coletivo convencional, quer de outra pessoa quer da própria sombra de quem estiver envolvido.
Banho Maria
Maria Profetisa, a primeira alquimista, nascida no século I ou II d.c., inventou um método de aquecimento suave e gradual, o banho maria. Usado como metáfora alquímica, ele indica que o início da análise deve ser lento. O analista deve ter a sensibilidade de perceber a temperatura adequada para o paciente suportar conscientizar-se de seus complexos.
Os alquimistas achavam que não tinham controle sobre as operações e que não eram responsáveis por fazê-las funcionar. Eram, sim, responsáveis por manter um fogo adequado, estimulando as substâncias em sua própria transformação natural e orgânica. Isso corresponde ao papel do terapeuta, sua atividade é controlar o calor do setting analítico, este deve estar a uma temperatura precisa para que os processos interiores comecem a ocorrer. Se o calor for excessivo, a obra se arruina e, se for escasso, não consegue promover os processos necessários. Assim era a regulação do calor para os alquimistas diante do processo de transmutação do chumbo em ouro.
Na alquimia, sujeito e objeto se misturam. O herói se relaciona com o dragão e chega a ser fecundado por ele ao invés de matá-lo. A retórica da alquimia é como bem receber o dragão (o inconsciente, o sintoma, aquilo que fala); não é a retórica do ego heróico, mas do ego imaginal, aquele que realmente ouve o inconsciente.
Dragão Alquímico
2 comentários:
Excelente post, Regina. Realmente Jung e esses outros pensadores inspiram. Bom seria se todos fossem atingidos ainda que só por um momento por essas idéias e pudessem fazer delas uma luz, não para seguir atrás, mas para iluminar os caminhos que podem assim ser escolhidos.
bjs
Oi Rê,
Que beleza. Adorei seu blog,mostra bem a pessoa maravilhosa e rica de espírito que vc é.
Beijos,minha querida,
Parabéns!
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