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Sou tantas e sou uma... Existo e sumo... Mergulho e retorno... Intensa, curiosa, aprendiz, crítica, sensível... Por vezes sábia. Vivendo na montanha-russa, em altos e baixos constantes... Metamorfose ambulante. Eu? "Contradigo a mim mesmo porque sou vasto" (Walt Whitman)

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Tragédia anunciada: matança DENTRO da escola, aqui no Rio!

Amigos,
É isso: tragédia anunciada.
Mais uma.
Em todos os sentidos.
E de tudo que podemos pensar e sentir diante desse horror de hoje, dessa chacina na escola pública de Realengo, infelizmente uma coisa não me vem: surpresa.
Porque o que aconteceu hoje é só mais um capítulo do ABANDONO, em todos os sentidos, com o qual as crianças, os adolescentes e os profissionais das escolas, principalmente das públicas, têm que lidar há muito tempo, diariamente.
O assassino era ex-aluno da escola? Excessivamente introvertido? Filho de mãe esquizofrênica e suicida? E que andava parado em frente a escola há meses, olhando, olhando, além de tudo que dizia para os parentes sobre seu desejo de, por exemplo, derrubar algo com aviões, como fizeram nos EUA? Enfim... Tantos sinais, há tantos anos e NUNCA um tratamento médico adequado, um encaminhamento adequado da escola e/ou da família, o mesmo empurra-empurra de sempre, cada qual sempre achando que fez a sua parte e, enquanto isso, esse rapaz adoecendo mais e mais a cada dia, até causar essa tragédia...
É com esse descaso que tanto a Saúde quanto a Educação Públicas são tratadas politicamente em nosso país!
E aí, quando algo horrível assim acontece, tentam vender a idéia de que foi fato isolado, uma infelicidade, um caso de doença mental (realmente é, também, mas o indivíduo poderia ter sido tratado e, assim, até evitado chegar a esse ponto!) ou de pura maldade individual, etc. e tal.
Mas foi muito mais do que isso!!!!!
Foi fruto, repito, do descaso político que não oferece condições mínimas e decentes para que se possa fazer um trabalho digno nas escolas e hospitais públicos.
Foi fruto da ignorância, do despreparo e do preconceito que impediu que todos que conviveram com esse futuro assassino, durante toda a sua vida, vissem algum sinal de perigo, de alerta, de necessidade urgente de cuidados especiais...
Foi fruto do fanatismo religioso, que é tão presente em tantas religiões e pessoas (leiam a carta que o rapaz deixou), que estimulam e difundem essa idéia de dividir as pessoas em "puras" ou "impuras", "castas" ou "perdidas", em pleno século XXI!!!!!! Não foi à toa que ele matou mais meninas do que meninos!! Não acredito que isso tenha sido "coincidência". Até porque ele é descrito, por parentes e vizinhos, como muito tímido e como alguém que nunca teve namorada. Então...
Trabalhando em escolas, cansei de ouvir, durante anos, muita gente dizendo o quanto essas meninas de hoje, justamente essas da idade das que ele matou, estão "atiradas" demais, "galinhas", seduzindo o tempo todo, "safadas", "vagabundas", etc. Perdi as contas de quantas vezes ouvi isso, inclusive em reuniões pedagógicas, com todos os profissionais das escolas ali, a maioria vendo as coisas dessa maneira! Um machismo fora de época, alimentado pela ainda tão presente violência contra a mulher, muitas vezes alimentada pelas próprias mulheres!
Não tenho a pretensão de traçar um quadro completo de nada. Estou sob a emoção do que aconteceu, podiam ter sido alunos com os quais convivi, podiam ser as famílias que conheci que estivessem agora desesperadas, enterrando seus filhos e netos, enfim...
O povo está abandonado!!!! Os educadores e os profissionais da Saúde TAMBÉM, em grande parte, e, assim, não têm como dar conta de todo esse contexto sem uma política decente, sem verbas (e como elas são desviadas nas áreas de Educação e Saúde, meu Deus!), sem um Serviço Social também com estrutura para ajudar a lidar com as famílias, isto é, sem um trabalho conjunto entre Saúde, Educação e Assistência Social nesse país!
As escolas têm turmas lotadas, mal refrigeradas (super calorentas, em geral!) e mal iluminadas, faltam materiais didáticos básicos, faltam profissionais, um segmento acusa o ou os outros o tempo todo - famílias, professores, alunos, direção, pedagogos, funcionários... todos os segmentos! -, o estresse é geral, assim como o cansaço, e o clima de guerra é constante e volta e meia explode, de alguma forma, aqui e ali. Cada hora é um que agride o outro, que perde a paciência, o respeito... Acontecem ameaças, intimidações, xingamentos... Não vejo "vilões" na maioria dessas agressões (não estou dizendo que são "coitadinhos" também! não é isso!!) e sim atitudes que são frutos de uma estrutura falida e de uma perversidade política antiga em nosso país, onde continua interessando aos mais ricos que os mais pobres venham a ser, um dia, no máximo, mão-de-obra barata! E olhe lá!
E, pra que isso possa se perpetuar, não há interesse em realmente se investir em Saúde e Educação, é claro!
Como pedagoga encaminhei para tratamento crianças e adolescentes com sérios problemas psicológicos e/ou psiquiátricos muitas vezes, mas, na imensa maioria dos casos, nada acontecia e, mesmno dentro da própria escola, alguns alunos já iam ficando marcados, não só pelos coleguinhas, desde crianças, como meio "malucos" ou qualquer coisa assim. Suas identidades iam sendo construídas dessa maneira. Em casa e na escola. E, nos casos em que as famílias realmente se empenhavam em levar os alunos que encaminhávamos (eu e as outras pedagogas), muitas vezes não conseguiam vagas, horários, eram mal atendidas, os locais de atendimento eram muito longe e elas não tinham nem como pagar passagens para ir ao menos quinzenalmente lá, as crianças e adolescentes também não queriam ir pra não serem considerados definitivamente como "malucos" por todos com quem conviviam e, assim, as famílias acabavam parando de levá-los.
E o Conselho Tutelar? Quantos casos de violência, física e psicológica, negligência, situações de risco, etc., nós relatamos, encaminhamos, denunciamos e pedimos ajuda e... nada! Na maioria das vezes, nada é feito.
E olha que esses são só alguns poucos exemplos de um quadro que é cada dia mais terrível e que faz com que quem trabalha nessas áreas, como eu, nos sintamos cada vez mais impotentes e machucados.
Enfim... Existe muito a se pensar e sentir sobre tudo isso, sobre esse drama terrível de Realengo, sobre a total falta de segurança e abandono das escolas e hospitais públicos, sobre as doenças mentais mal diagnosticadas e mal tratadas e que ainda são vistas com tanta ignorância e preconceito, sobre a importância de se levar a sério o bullying, sobre a importância de se observar mais o aluno calado demais porque pode ser justamente o que mais está precisando de atenção e ajuda e a ponto de explodir a qualquer momento (mas como os quietinhos "não dão trabalho" e as turmas são lotadas... eles acabam nem sendo percebidos direito...), sobre os profissionais de Educação e Saúde com Síndrome de Burnout e "n" outras doenças, somatizações, vindas do estresse, do medo, da baixa auto-estima, da desvalorização de suas profissões que, na verdade, são as mais fundamentais para a construção de uma nação, enfim... LOUCURA É TUDO ISSO JUNTO!!! E/ou é fruto de tudo isso. Falar dessa "loucura" que aconteceu é falar sobre tudo isso junto!
Por isso não me surpreendi com a tragédia de hoje, embora tenha doído muito aqui dentro e embora tenha ficado indignada, com raiva, com pena, solidária àquelas famílias e, principalmente, àquelas crianças e adolescentes... Quanta tristeza, quanta covardia, quanta doença, quanto abandono, quantas vidas tão jovens indo embora assim, violentamente, brutalmente, estupidamente!
Que mundo é esse??? Onde vamos parar???
O que devemos fazer???
Cansada e triste demais com tudo isso...
Regina Milone.


domingo, 3 de abril de 2011

Elizeth Cardoso - Naquela mesa



Elizeth Cardoso canta "Naquela mesa", música escrita por Sérgio Bittencourt em homenagem ao pai, Jacob do Bandolim.
Coloco aqui em homenagem ao meu pai, que partiu em 14 de março de 2011... Ele amava a Elizeth Cardoso, o Jacob do Bandolim, essa música...
É pra vc, pai! Com muito AMOR... 

 

Naquela Mesa

Elizeth Cardoso

Composição : Sergio Bittencourt
 
Naquela mesa ele sentava sempre
E me dizia sempre
O que é viver melhor
Naquela mesa ele contava histórias
Que hoje na memória
Eu guardo e sei de cor
Naquela mesa ele juntava gente
E contava contente
O que fez de manhã
E nos seus olhos era tanto brilho
Que mais que seu filho
Eu fiquei seu fã
Eu não sabia que doía tanto
Uma mesa num canto
Uma casa e um jardim
Se eu soubesse o quanto doi a vida
Essa dor tão doída
Não doía assim
Agora resta uma mesa na sala
E hoje ninguém mais fala
No seu bandolim
Naquela mesa tá faltando ele
E a saudade dele
Tá doendo em mim,
Naquela mesa tá faltanto ele
E a saudade dele
Tá doendo em mim.

sábado, 2 de abril de 2011

PAPAI - a 1ª palavra que falei na vida!


Meu pai era assim: alegre, sempre rindo, brincando com todo mundo, generoso, amoroso... Estávamos muito felizes no dia dessa foto!

Paizinho...

Pai querido,
Vou te AMAR pra sempre!!!!!!!!!!!!!!!
Quantas saudades...




Beijos da sua filha mais velha,
Regininha.

Meu pai e eu

Estou de luto...

Amigos,
Perdi meu pai.
Ele se foi, dormindo e sereno, em casa, dia 14 de março de 2011...
Cada um tem seu tempo e seu jeito de viver o luto.
Ainda estou chorando muito, toda hora, profundamente triste, cheia de saudades e dor, precisando ficar mais alguns dias quietinha por aqui, como tenho estado desde que ele partiu...
Não estou em depressão. É bem diferente disso.
Estou é com um aperto no peito que talvez só os poetas soubessem traduzir em palavras... É uma falta, um buraco sem fundo, agravado pelo fato de que morávamos juntos, eu ajudava a cuidar dele (como ele um dia cuidou de mim...) e cada lugar e cada coisinha nessa casa me lembra meu pai, o tempo todo...
Obrigada a todos que se solidarizaram comigo, de alguma forma, nesse momento tão difícil!
Uma das coisas que têm me ajudado é homenagear meu pai, de várias maneiras, entre elas fazendo álbuns de fotos, com recordações de várias épocas.
Convido vcs a darem uma olhada, quando puderem!
Álbum só de fotos minhas com meu pai, desde bebê (este álbum é pequeno; poucas fotos):
Álbum com fotos do papai em várias épocas da vida dele, a partir do tempo (anos 60) em que era noivo da mamãe (são mais de 100 fotos):
Ainda farei muito mais, outras homenagens, não só com fotos, assim como foi a homenagem que fiz lendo, na missa de 7º dia pelo meu pai, um belíssimo poema do sábio Santo Agostinho, que recebi de meu eterno mestre e amigo Eduardo Maia e que achei a cara do meu paizinho, que era um cara alegre, pra cima, cheio de amor à vida e às pessoas, sempre rindo, e que é o que eu pretendo cultivar cada vez mais em mim, na minha vida, na medida em que for passando esse momento pior do luto mais pesado, para que eu possa, assim, honrá-lo e levar adiante essa bela herança que ele nos deixou... Aí vai o poema para vcs, para que possam compartilhar dessa beleza. Leiam como se fosse meu pai falando, ok? E olha ele aí, que lindo:

A Morte não é nada

(Santo Agostinho)

A morte não é nada.
Eu somente passei para o
Outro lado do caminho.

Eu sou eu, vocês são vocês.
O que eu era para vocês,
Eu continuarei sendo.

Me dêem o nome
Que vocês sempre me deram,
Falem comigo
Como vocês sempre fizeram.

Vocês continuam vivendo
No mundo das criaturas,
Eu estou vivendo
No mundo do Criador.

Não utilizem um tom solene
Ou tão triste, continuem a rir
Daquilo que nos fazia rir juntos.

Rezem, sorriam, pensem em mim.
Rezem por mim.  

Que meu nome seja pronunciado
Como sempre foi,
Sem ênfase de nenhum tipo.
Sem nenhum traço de sombra
Ou tristeza.

A vida significa tudo
O que ela sempre significou,
O fio não foi cortado.
Porque eu estaria fora
De seus pensamentos,
Agora que estou apenas
Fora de suas vistas?

Eu não estou longe,
Apenas estou
Do outro lado do caminho...

Vocês que aí ficaram, sigam em frente,
A vida continua, linda e bela
Como sempre foi.

Beijos para todos,
com carinho,
Regina Milone.

Psicoterapias Corporais 09 José Ignacio Tavares Xavier

Assistam esse vídeo! Vale a pena!!!
Conheço o Zé Ignácio Xavier há anos e é um cara incrível!!!
Beijos...

http://www.videolog.tv/video?499497

[videolog 499497]