Ojos de Dios – Olho
Divino
Oriunda da cultura indígena huichol, do México,
e da cultura indígena Aymara, da Bolívia, a tecelagem primitiva conhecida como
“olhos divinos” ou “olho divino” começa a ser feita quando a criança nasce.
Conhecidas como "Ojos de Diós" (Olhos
de Deus) nos países latino-americanos, as estrelas tecidas são uma forma
primitiva de artesanato também encontrada na África e no Oriente.
Originalmente os Olhos Divinos eram colocados em
um altar para que os deuses pudessem ouvir as preces das pessoas e, assim,
protegê-las.
No México antigo, simbolizavam os olhos dos
deuses e representavam um pedido para que eles protegessem os recém-nascidos:
sobre paus cruzados tecia-se uma estrela para cada ano de vida da criança, até
os cinco anos (quando se supunha que ela já pudesse fazer, sozinha, seus
pedidos aos deuses); ou, numa mesma estrela, indicava-se a idade pelo número de
cores dos fios.
Breve
histórico do Olho Divino
O Olho Divino (si’kuli)
é um objeto sagrado da cultura wixarika
que ultrapassou sua região de origem e alcançou todas as regiões do país, do
continente americano e hoje pode ser encontrado até na Europa.
Na
tradição mexicana, os olhos divinos são símbolos de poder e servem para ver e
entender as coisas desconhecidas. Diz a lenda que Kauyuma’li, um dos deuses que criou o mundo,
pôde ver tudo o que estava dentro e acima da terra quando olhou através de um si’kuli.
O
si’kuli é
multicolorido, tem forma de diamante e se tece com lãs de várias cores, no
sentido diagonal, em uma cruz de varetas. Arremata-se as extremidades com bolas
de lã. Estas bolas representam o algodão macio que cresce no caule da flor da
abóbora, já que para os mexicanos o algodão é símbolo de saúde e vida. No caso
dos olhos divinos cerimoniais, estas bolas têm que ser feitas de algodão
natural. A forma do si’kuli
faz referência aos pontos cardeais e aos losangos da rosa-dos-ventos, que é uma
figura que mostra a orientação das direções
cardeais num mapa
ou carta náutica. As cores usadas nos losangos são
basicamente o branco, o azul em vários tons, o amarelo, o roxo e o preto. As
cores são escolhidas e ordenadas de acordo com o pedido específico que a pessoa
quiser fazer.
O
si’kuli é dedicado
a Tate’ Naaliwa’mi si’kuli,
a Mãe Água do Leste, que tem especial preocupação com as crianças e é a
criadora das flores das abóboras e de todas as outras flores.
Em
seu sentido cerimonial, o si’kuli
é uma oferenda que se faz aos deuses para pedir pelo bom crescimento das
crianças. Os pais são encarregados de elaborar o olho divino que seus filhos
levarão para a festa do tambor. Nesta festa os meninos e as meninas são
apresentados aos deuses e são iniciados na vida cerimonial do povo wixarika. Para isso, os si’kuli são colocados sobre a
cabeça das crianças, o que permite aos pais ver e observar a cada menina e
menino de maneira pessoal. O número de losangos representa a idade do menino ou
da menina.
Os olhos divinos também são usados como
oferendas para pedir proteção em outras áreas da vida cotidiana e, em cada
caso, podem variar de tamanho, usar varetas mais largas ou mais compridas,
variar nas cores escolhidas e na maneira como se distribuem as cores e variar,
também, nos complementos que podem ser adicionados ao si’kuli para pedir favores
especiais.
Recentemente os Índios
Navajo, do sudeste norte-americano, adaptaram este artesanato utilizando oito
pontas ao invés de quatro, criando assim as “Mandalas de Navajo”.
Mandalas
Mandala
significa círculo ou completude em sânscrito. É um yantra circular que
simboliza o Universo.
Também possui outros significados,
como círculo mágico ou concentração de energia, e universalmente a mandala é o
símbolo da integração e da harmonia"
Mandalas simbolizam unidade,
totalidade, equilíbrio de polaridades, inteireza, são criadas e/ou usadas como
forma de meditação, mergulho interior e refletem a simetria exata presente em
várias formas da natureza. Exemplo disso é o girassole os anéis das árvores, cujos espirais
representam o Universo.
Representa
também a procura pela paz interior, a qual é retratada pelos padrões
entrelaçados e que têm como finalidade a própria orientação do pensamento. Isso
porque o seu formato auxilia a meditação.
Mandala, é uma representação geométrica da dinâmica relação
entre o homem e o cosmo. De fato, toda mandala é a exposição plástica e visual
do retorno à unidade pela delimitação de um espaço sagrado e atualização de um
tempo divino.
No tantrismo, compõe-se de círculos e quadrados concêntricos (ou seja, com um
centro comum) que formam uma imagem simbólica do mundo e que servem de
instrumento para meditação.
Em termos de artes plásticas, a mandala apresenta sempre grande profusão de cores e
representa um objeto ou figura que ajuda na concentração para se atingir outros
níveis de contemplação. Há toda uma simbologia envolvida e uma grande variedade
de desenhos de acordo com a origem.
Na Psicologia, Carl
Gustav Jung estudou em profundidade a simbologia das mandalas. Jung as
relacionou a simbologia universal do círculo e da representação simbólica da
psique com as funções de conservação da ordem psíquica, tomada de consciência,
integridade e criação.
Bibliografia
http://www.dltk-kids.com/world/mexico/ojo_de_dios.htm
http://www.cdi.gob.mx/wixarika/Paginas/Paginas%20ofrendas%20y%20simbolos/Ojos%20de%20dios%20page_5.htm
http://www.zermeno.com/Ojos_de_Dios.html
https://mandalaborobudur.wordpress.com/about-mandala-borobudur/mandala-in-ancient-culture/
https://www.pinterest.se/pin/353532639485574407/
https://elrincondeyanka.blogspot.com/2015/03/cultura-huichol-ojos-de-dios.html
OBS: É sempre bom lembrar
que o olho divino é tecido em cima de uma cruz... A cruz nossa de cada dia?
Talvez...
Simbolicamente a cruz representa o equilíbrio entre matéria
(horizontal) e espírito (vertical). Representa a busca de integração e harmonia
de todas as polaridades presentes em nós e em toda a natureza: dia e noite,
frio e quente, bem e mal, masculino e feminino... Para mim, essa é a nossa cruz
e, ao invés de a carregarmos, podemos tecê-la, um pouco a cada dia, com
ARTE!
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