Salvem o planeta!
Linda música de Neil Young e maravilhosas imagens da National Geographic.
Psicologia, Cinema, Educação, Arteterapia, Mitologia, Contos, Poemas, Lendas, Astrologia, Artes em geral... Sons, tons, cores, palavras, histórias, criações, idéias... Tudo que me encante e possa tocar a alma de quem passar por aqui! Seja bem vindo!!!
Quem sou eu
- Regina Milone
- Rio de Janeiro, RJ, Brazil
- Sou tantas e sou uma... Existo e sumo... Mergulho e retorno... Intensa, curiosa, aprendiz, crítica, sensível... Por vezes sábia. Vivendo na montanha-russa, em altos e baixos constantes... Metamorfose ambulante. Eu? "Contradigo a mim mesmo porque sou vasto" (Walt Whitman)
domingo, 21 de outubro de 2007
National geographic save the world (neil young philadelphia)
quinta-feira, 18 de outubro de 2007
Maria Rita - a minha alma
Família super talentosa essa! Adoro essa música, de O Rappa, cantada por Maria Rita.
Beijinhos...
Traduzir-se
Poema que amo e com o qual me identifico, de Ferreira Gullar, musicado por Fagner e lindamente cantado por Adriana Calcanhoto. UAU!!!
Futuros Amantes
Chico Buarque, genial como sempre, falando como criou e depois cantando "Futuros Amantes". Lindo!!!
Beijos...
quarta-feira, 10 de outubro de 2007
terça-feira, 9 de outubro de 2007
Rifa-se um coração
calejado, muito machucado e que teima em alimentar sonhos e cultivar
ilusões. Um coração inconseqüente e precipitado, que diante de um sorriso
mais malicioso já está apaixonado. Rifa-se um coração que nunca aprende.
Um coração insensato que comanda o racional sendo louco o suficiente para
se apaixonar. Um furioso suicida que vive procurando relações e emoções
verdadeiras. Rifa-se um coração que insiste em cometer sempre os mesmos
erros. Esse coração que erra, briga, se expõe. Perde o juízo por completo
em nome de paixões. Sai do sério e, às vezes, revê suas posições
arrependido de palavras e gestos. Rifa-se um coração tão inocente que se
mostra sem armaduras e deixa louco o seu usuário. Rifa-se um coração, ou
mesmo troca-se por outro, que tenha um pouco mais de juízo.'
Eu e meu filho Diogo
(Glória Horta)
Nosso medo mais profundo
"Nosso medo mais profundo
não é o de sermos inadequados.
Nosso medo mais profundo
é que somos poderosos além de qualquer medida.
É a nossa luz, não as nossas trevas,
o que mais nos apavora.
Nós nos perguntamos:
Quem sou eu para ser Brilhante,
Maravilhoso, Talentoso e Fabuloso?
Na realidade, quem é você para não ser?
Você é filho do Universo.
Se fazer pequeno não ajuda o mundo.
Não há iluminação em se encolher
para que os outros não se sintam inseguros
quando estão perto de você.
Nascemos para manifestar a glória do Universo que está dentro de nós.
Não está apenas em um de nós: está em todos nós.
E conforme deixamos nossa própria luz brilhar, inconscientemente damos às outras pessoas permissão para fazer o mesmo.
E conforme nos libertamos do nosso medo, nossa presença, automaticamente, libera os outros."
(Nelson Mandela)
Para se pensar...
(desconheço a autoria)
Crianças
Crianças?
Dia após dia nega-se às crianças o direito de serem crianças. Os fatos que zombam desse direito, ostentam seus ensinamentos na vida cotidiana.
O mundo trata os meninos ricos como se fossem dinheiro, para que acostumem a atuar como o dinheiro atua.
O mundo trata os meninos pobres como se fossem lixo, para que se transformem em lixo.
E os do meio, os que não são nem ricos nem pobres, conserva-os à mesa de um televisor, para que aceitem desde cedo, como destino, a vida prisioneira.
Muita magia e muita sorte têm as crianças que conseguem ser crianças.
(desconheço o autor)
Poemas
"Tudo manifesta símbolos
e sábio é aquele que
em qualquer coisa
pode ler outra."
(Plotino)
segunda-feira, 8 de outubro de 2007
Escola e Autoconhecimento
A complicada arte de ver
- Acho que estou ficando louca!
Fiquei em silêncio aguardando que ela me revelasse os sinais da sua loucura.
- Um dos meus prazeres é cozinhar. Vou para a cozinha, corto as cebolas, os tomates, os pimentões _é uma alegria! Entretanto, faz uns dias, eu fui para a cozinha para fazer aquilo que já fizera centenas de vezes: cortar cebolas. Ato banal sem surpresas. Mas, cortada a cebola, eu olhei para ela e tive um susto. Percebi que nunca havia visto uma cebola. Aqueles anéis perfeitamente ajustados, a luz se refletindo neles: tive a impressão de estar vendo a rosácea de um vitral de catedral gótica. De repente, a cebola, de objeto a ser comido, se transformou em obra de arte para ser vista! E o pior é que o mesmo aconteceu quando cortei os tomates, os pimentões... Agora, tudo o que vejo me causa espanto.
Ela se calou, esperando o meu diagnóstico. Eu me levantei, fui à estante de livros e de lá retirei as "Odes Elementales", de Pablo Neruda. Procurei a "Ode à Cebola" e lhe disse: "Essa perturbação ocular que a acometeu é comum entre os poetas. Veja o que Neruda disse de uma cebola igual àquela que lhe causou assombro:
- 'Rosa de água com escamas de cristal'. Não, você não está louca. Você ganhou olhos de poeta... Os poetas ensinam a ver.
Ver é muito complicado. Isso é estranho porque os olhos, de todos os órgãos dos sentidos, são os de mais fácil compreensão científica. A sua física é idêntica à física óptica de uma máquina fotográfica: o objeto do lado de fora aparece refletido do lado de dentro. Mas existe algo na visão que não pertence à física.
Adélia Prado disse: "Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra". Drummond viu uma pedra e não viu uma pedra. A pedra que ele viu virou poema.
Pessoa. O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido.
Vinícius de Moraes adota o mesmo mote em "Operário em Construção": "De forma que, certo dia, à mesa ao cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção, ao constatar assombrado que tudo naquela mesa, garrafa, prato, facão, era ele quem fazia. Ele, um humilde operário, um operário em construção".
A diferença se encontra no lugar onde os olhos são guardados. Se os olhos estão na caixa de ferramentas, eles são apenas ferramentas que usamos por sua função prática. Com eles vemos objetos, sinais luminosos, nomes de ruas e ajustamos a nossa ação. O ver se subordina ao fazer. Isso é necessário. Mas é muito pobre.
Os olhos que moram na caixa de ferramentas são os olhos dos adultos. Os olhos que moram na caixa dos brinquedos, das crianças. Para ter olhos brincalhões, é preciso ter as crianças por nossas mestras. Alberto Caeiro
disse haver aprendido a arte de ver com um menininho, como Jesus Cristo, tornado outra vez criança: "A mim, ensinou-me tudo. Ensinou-me a olhar para as coisas. Aponta-me todas as coisas que há nas flores. Mostra-me como as pedras são engraçadas quando a gente as têm na mão e olha devagar para elas".
sábado, 6 de outubro de 2007
quinta-feira, 4 de outubro de 2007
Poema em Linha Reta - Fernando Pessoa
Na voz de Abujamra, vale a pena ouvir com o coração...
Salve Fernando Pessoa, o maior de todos os poetas!!!
Eros e Psique - Texto de Fernando Pessoa
O lindo texto de Fernando Pessoa na voz de Maria Bethânia e ao som de Chico Buarque. Deleitem-se!!!
Conta a lenda que dormia
uma princesa encantada
a quem só despertaria
um Infante, que viria
de além do muro da estrada.
Ele tinha que, tentado
vencer o mal e o bem
antes que, já libertado
deixasse o caminho errado
por que à Princesa vem.
A princesa adormecida
se espera, dormindo espera
sonha em morte a sua vida
e orna-lhe a fonte, esquecida
uma grinalda de hera.
Longe o Infante, esforçado
sem saber que intuito tem
rompe o caminho fadado
ele dela é ignorado
ela pra ele é ninguém
Mas cada um cumpre o Destino
ela dormindo encantada
ele buscando-a sem tino
pelo processo divino
que faz existir a estrada.
E se bem que seja obscuro
tudo pela estrada afora
e falso, ele vem seguro
e, vencendo estrada e muro
chega onde, em sono, ela mora.
à cabeça, em maresia
ergue a mão, e encontra a hera
e vê, que ele mesmo era
a Princesa que dormia.
(Fernando Pessoa)
quarta-feira, 3 de outubro de 2007
Jung e Alquimia (texto)
O método de explicação da Alquimia é (reparem a relação com os princípios da Homeopatia):
2. ALBEDO
4. RUBEDO
A escolha do momento oportuno
terça-feira, 2 de outubro de 2007
Egocentrismo ou auto-estima?
Mas aí pensei: "caramba, é tão bom poder se ver, em várias fases, acompanhar um pouco desse trajeto de vida, reviver e - por que não? - admirar a própria beleza e/ou simpatia!" Então postei.
Sempre tive altos problemas de auto-estima. Não precisava muito pra me desvalorizar. E é por isso mesmo que poder me olhar e gostar do que vejo - da vida, do brilho nos olhos, dos sorrisos, do tempo passando... - é especialmente gostoso e até útil pra mim, pra eu não esquecer tão fácil de uma boa parte de quem sou. E é uma forma de me apresentar um pouco mais pra quem visitar meu blog também.
Caras, rostos - máscaras? - sempre me atraíram. Só aparência? "Quem vê cara não vê coração"? Depende. Se a gente olhar com sensibilidade pro que mora no olhar e no sorriso... iremos muito além!
Afinal... Ego? Tenho, claro!...rsrsrs. Mas não é gigante não.
Auto-estima? Estou trabalhando nisso!
Viajar em si mesmo, mergulhar no interior (espelhado nos rostos?), olhando também pro exterior, até que faz um bem danado. Experimentem!
Beijos...
segunda-feira, 1 de outubro de 2007
Vanessa da Mata e o Meio-Ambiente
A música tem umas tiradas ótimas, tipo "destruição é reflexo do humano", "a ambição desumana o Ser", "desmatam tudo e reclamam do tempo - que ironia conflitante" e termina com uma estrofe muito legal onde ela questiona o progresso e diz "com a mãe, ingratidão - DERAM O GALINHEIRO PRA RAPOSA VIGIAR" (esse final é o máximo!).
Leiam a letra, vejam e ouçam o vídeo que estão abaixo.
Essa é pra vc, Juliana, minha amiga zen!
Beijos...
Regina.
Vanessa da Mata - Absurdo
Havia tanto pra lhe contar
A natureza
Mudava a forma o estado e o lugar
Era absurdo
Havia tanto pra lhe mostrar
Era tão belo
Mas olhe agora o estrago em que está
Tapetes fartos de folhas e flores
O chão do mundo se varre aqui
Essa idéia do natural ser sujo
Do inorgânico não se faz
Destruição é reflexo do humano
Se a ambição desumana o Ser
Essa imagem de infértil deserto
Nunca pensei que chegasse aqui
Auto-destrutivos,
Falsas vitimas nocivas?
Havia tanto pra aproveitar
Sem poderio
Tantas histórias, tantos sabores
Capins dourados
Havia tanto pra respirar
Era tão fino
Naqueles rios a gente banhava
Desmatam tudo e reclamam do tempo
Que ironia conflitante ser
Desequilíbrio que alimenta as pragas
Alterado grão, alterado pão
Sujamos rios, dependemos das águas
Tanto faz os meios violentos
Luxúria é ética do perverso vivo
Morto por dinheiro
Cores, tantas cores
Tais belezas
Foram-se
Versos e estrelas
Tantas fadas que eu não vi
Falsos bens, progresso?
Com a mãe, ingratidão
Deram o galinheiro
Pra raposa vigiar
(fonte: site oficial)
Absurdo - Vanessa da Mata
Vídeo no qual Vanessa da Mata se inspirou para compor a bela música "ABSURDO".
Rubem Alves - Escutatória
Este texto dele é inspirador e super verdadeiro, na minha opinião. Coloquei o original completo agora - http://www.rubemalves.com.br/escutatorio.htm -, a partir da correção feita pelo colega anônimo que deixou comentário aqui. Obrigada!!
Ouvimos muito, mas escutamos realmente pouco, fechados em nossos conceitos, preconceitos, certezas inabaláveis, medos infantis...
Leiam e saboreiem!
Beijos...
ESCUTATÓRIA
Do escritor mineiro RUBEM ALVES
Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer um curso de escutatória. Mas acho que ninguém vai se matricular.
Escutar é complicado e sutil. Diz o Alberto Caeiro que “não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma“. Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas. Aí a gente que não é cego abre os olhos. Diante de nós, fora da cabeça, nos campos e matas, estão as árvores e as flores. Ver é colocar dentro da cabeça aquilo que existe fora. O cego não vê porque as janelas dele estão fechadas. O que está fora não consegue entrar. A gente não é cego. As árvores e as flores entram. Mas - coitadinhas delas - entram e caem num mar de idéias. São misturadas nas palavras da filosofia que mora em nós. Perdem a sua simplicidade de existir. Ficam outras coisas. Então, o que vemos não são as árvores e as flores. Para se ver e preciso que a cabeça esteja vazia.
Faz muito tempo, nunca me esqueci. Eu ia de ônibus. Atrás, duas mulheres conversavam. Uma delas contava para a amiga os seus sofrimentos. (Contou-me uma amiga, nordestina, que o jogo que as mulheres do Nordeste gostam de fazer quando conversam umas com as outras é comparar sofrimentos. Quanto maior o sofrimento, mais bonitas são a mulher e a sua vida. Conversar é a arte de produzir-se literariamente como mulher de sofrimentos. Acho que foi lá que a ópera foi inventada. A alma é uma literatura. É nisso que se baseia a psicanálise...) Voltando ao ônibus. Falavam de sofrimentos. Uma delas contava do marido hospitalizado, dos médicos, dos exames complicados, das injeções na veia - a enfermeira nunca acertava -, dos vômitos e das urinas. Era um relato comovente de dor. Até que o relato chegou ao fim, esperando, evidentemente, o aplauso, a admiração, uma palavra de acolhimento na alma da outra que, supostamente, ouvia. Mas o que a sofredora ouviu foi o seguinte: “Mas isso não é nada...“ A segunda iniciou, então, uma história de sofrimentos incomparavelmente mais terríveis e dignos de uma ópera que os sofrimentos da primeira.
Parafraseio o Alberto Caeiro: “Não é bastante ter ouvidos para se ouvir o que é dito. É preciso também que haja silêncio dentro da alma.“ Daí a dificuldade: a gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor. No fundo somos todos iguais às duas mulheres do ônibus. Certo estava Lichtenberg - citado por Murilo Mendes: “Há quem não ouça até que lhe cortem as orelhas.“ Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil da nossa arrogância e vaidade: no fundo, somos os mais bonitos...
Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos, estimulado pela revolução de 64. Pastor protestante (não “evangélico“), foi trabalhar num programa educacional da Igreja Presbiteriana USA, voltado para minorias. Contou-me de sua experiência com os índios. As reuniões são estranhas. Reunidos os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio. (Os pianistas, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio, como se estivessem orando. Não rezando. Reza é falatório para não ouvir. Orando. Abrindo vazios de silêncio. Expulsando todas as idéias estranhas. Também para se tocar piano é preciso não ter filosofia nenhuma). Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala. Curto. Todos ouvem. Terminada a fala, novo silêncio. Falar logo em seguida seria um grande desrespeito. Pois o outro falou os seus pensamentos, pensamentos que julgava essenciais. Sendo dele, os pensamentos não são meus. São-me estranhos. Comida que é preciso digerir. Digerir leva tempo. É preciso tempo para entender o que o outro falou. Se falo logo a seguir são duas as possibilidades. Primeira: “Fiquei em silêncio só por delicadeza. Na verdade, não ouvi o que você falou. Enquanto você falava eu pensava nas coisas que eu iria falar quando você terminasse sua (tola) fala. Falo como se você não tivesse falado.“ Segunda: “Ouvi o que você falou. Mas isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou.“ Em ambos os casos estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada. O longo silêncio quer dizer: “Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou.“ E assim vai a reunião.
Há grupos religiosos cuja liturgia consiste de silêncio. Faz alguns anos passei uma semana num mosteiro na Suíça, Grand Champs. Eu e algumas outras pessoas ali estávamos para, juntos, escrever um livro. Era uma antiga fazenda. Velhas construções, não me esqueço da água no chafariz onde as pombas vinham beber. Havia uma disciplina de silêncio, não total, mas de uma fala mínima. O que me deu enorme prazer às refeições. Não tinha a obrigação de manter uma conversa com meus vizinhos de mesa. Podia comer pensando na comida. Também para comer é preciso não ter filosofia. Não ter obrigação de falar é uma felicidade. Mas logo fui informado de que parte da disciplina do mosteiro era participar da liturgia três vezes por dia: às 7 da manhã, ao meio-dia e às 6 da tarde. Estremeci de medo. Mas obedeci. O lugar sagrado era um velho celeiro, todo de madeira, teto muito alto. Escuro. Haviam aberto buracos na madeira, ali colocando vidros de várias cores. Era uma atmosfera de luz mortiça, iluminado por algumas velas sobre o altar, uma mesa simples com um ícone oriental de Cristo. Uns poucos bancos arranjados em “U“ definiam um amplo espaço vazio, no centro, onde quem quisesse podia se assentar numa almofada, sobre um tapete. Cheguei alguns minutos antes da hora marcada. Era um grande silêncio. Muito frio, nuvens escuras cobriam o céu e corriam, levadas por um vento impetuoso que descia dos Alpes. A força do vento era tanta que o velho celeiro torcia e rangia, como se fosse um navio de madeira num mar agitado. O vento batia nas macieiras nuas do pomar e o barulho era como o de ondas que se quebram. Estranhei. Os suíços são sempre pontuais. A liturgia não começava. E ninguém tomava providências. Todos continuavam do mesmo jeito, sem nada fazer. Ninguém que se levantasse para dizer: “Meus irmãos, vamos cantar o hino...“ Cinco minutos, dez, quinze. Só depois de vinte minutos é que eu, estúpido, percebi que tudo já se iniciara vinte minutos antes. As pessoas estavam lá para se alimentar de silêncio. E eu comecei a me alimentar de silêncio também. Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos. E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia. Eu comecei a ouvir. Fernando Pessoa conhecia a experiência, e se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras, no lugar onde não há palavras. E música, melodia que não havia e que quando ouvida nos faz chorar. A música acontece no silêncio. É preciso que todos os ruídos cessem. No silêncio, abrem-se as portas de um mundo encantado que mora em nós - como no poema de Mallarmé, A catedral submersa, que Debussy musicou. A alma é uma catedral submersa. No fundo do mar - quem faz mergulho sabe - a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos. Me veio agora a idéia de que, talvez, essa seja a essência da experiência religiosa - quando ficamos mudos, sem fala. Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia, que de tão linda nos faz chorar. Para mim Deus é isto: a beleza que se ouve no silêncio. Daí a importância de saber ouvir os outros: a beleza mora lá também. Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto... (O amor que acende a lua, pág. 65.)
FOCUS Cia de Dança
Gente,
Corujice pouca é bobagem!
Então quero falar agora da companhia de dança da qual minha irmã mais nova, Marisa Travassos, faz parte: a FOCUS CIA DE DANÇA.
O site deles é http://www.focusciadedanca.kit.net/fotos.htm
São maravilhosos!!! Criativos, lindos, ousados e bastante experientes! Já passaram por companhias conhecidas e foram buscar seus próprios caminhos, tateando, com som e movimento, todo o espaço possível de atingir com seus corpos...
É emocionante!!!!
Eles brincam com a gente, conseguem efeitos fantásticos, como o da "dança sem cabeça" ou o dos dois corpos que são só um (casal que faz coisas incríveis sem soltar as mãos um do outro nem por um minuto). Mostram o cotidiano, a correria do dia a dia, o amor, a paixão, a tensão, a beleza, a poesia...
Vale a pena ver!!!
Acima uma filipeta de um dos espetáculos deles desse ano.
Beijos...
Livros da minha irmã
Tenho 3 irmãs. Sou a mais velha e a Sônia, que vem logo depois de mim, se lançou como escritora este ano.
Vejam como ela é apresentada em seu primeiro livro:
"Sônia Travassos é carioca. Pós-graduada em literatura infantil e juvenil (UFRJ), educadora e contadora de histórias, atua há 18 anos na promoção da leitura e da literatura com crianças, jovens e professores. É coordenadora da biblioteca da Escola Edem, no Rio de Janeiro. Colaborou para a Revista Sítio do Picapau Amarelo, da editora Globo. "Bicho papão pra gente pequena, bicho-papão pra gente grande" é seu primeiro livro infantil."
A EDEM é uma escola fantástica aqui do Rio, que realmente consegue ser progressista, idealista, libertária, artística e, ao mesmo tempo, pé no chão, na medida certa. Meu filho Diogo estuda lá desde os 3 anos (está com 15 agora) e adora! Como educadora e terapeuta fico super feliz por acompanhar o belo trabalho que fazem lá! E minha irmã já trabalha lá há uns 16/18 anos. E foi na troca com as crianças e pré-adolescentes dessa escola, principalmente, que a Sônia se inspirou para escrever os dois livros mostrados aqui. As críticas foram excelentes! Vale a pena conhecê-los!!!
E que venham os próximos!!!!!!
Beijos...